encantos e devaneios

Minha vida se perde em dias de chuva ou de sol. Me descubro um pouco mais a cada dia, minhas ânsias e desejos... isso é fundamental pra dizer quem eu sou, pq às vezes eu mesma me surpreendo...

14 abril 2007

Simples, como deve ser!

Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
Se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não seja nem curta,
Nem longa demais;
Mas que seja intensa,
Verdadeira,
Pura . . .
Enquanto durar . . .

“Feliz aquele que transfere o que sabe
E aprende o que ensina.”

Cora Coralina

02 abril 2007

O Único Defeito da Mulher

"Se uma memória restou das festinhas e reuniões de familiares da
minha infância, foi a divisão sexual entre os convivas: mulheres de um
lado, homens do outro. Não sei se hoje isso ainda ocorre. Sou anti-social
ao ponto de não freqüentar qualquer evento com mais de 4 pessoas, o
que não me credencia a emitir juízo.

Mas era assim que a coisa rolava naqueles tempos. Tive uma infância
feliz: sempre fui considerado esquisito, estranho e solitário, o que me
permitia ficar quieto observando a paisagem.

Bom, rapidinho verifiquei que o apartheid sexual ia muito além das
diferenças anatômicas.
A fronteira era determinada pelos pontos de vista, atitude e prioridades.
Explico: no "córner" masculino imperava o embate das comparações e disputas.

"Meu carro é mais potente, minha TV é mais moderna, meu salário é
maior, a vista do meu apartamento é melhor, meu time é mais forte, eu dou
por noite", e outras cascatas típicas da macheza latina.

Já no "córner" oposto, respirava- se outro ar. As opiniões eram
quase sempre ligadas ao sentir. Falava- se de sentimentos, frustrações e
recalques com uma falta de cerimônia que me deliciava.

Os maridos preferiam classificar aquele ti-ti-ti como fofoca. Discordo.

Destas reminiscências infantis veio a minha total e irrestrita paixão pelas mulheres.

Constatem, é fácil.
Enquanto o homem vem ao mundo completamente cru, freqüentando e
levando bomba no be-a-bá da vida, as mulheres já chegam na metade do segundo grau.

Qualquer menina de 2 ou 3 anos já tem preocupações de ordem prática.
Ela brinca de casinha e aprende a dar um pouco de ordem nas coisas.
Ela pede uma bonequinha que chama de filha e da qual cuida,
instintivamente, como qualquer mãe veterana.

Ela fala em namoro mesmo sem ter uma idéia muito clara do que vem a ser isso.

Em outras palavras, ela já chega sabendo. E o que não sabe, intui.
Já com os homens a historia é outra.

Você já viu um menino dessa idade brincando de executivo? Já ouviu
falar de algum moleque fingindo ir ao banco pagar as contas?
Já presenciou um bando de meninos fingindo estar preocupados com a
entrega da declaração do Imposto de Renda? Não, nunca viram e nem verão.

Porque o homem nasce, vive e morre uma existência infanto juvenil.
O que varia ao longo da vida é o preço dos brinquedos.

Aí reside a maior diferença.
O que para as meninas é treino para a vida, para os meninos é fantasia, e competição.

Então a fuga os acompanha o resto da vida, e não percebem quanto
tempo eles perdem com seus medos.

Falo sem o menor pudor. Sou assim, todo homem é assim. Em relação
ao relacionamento homem/mulher, sempre me considerei um privilegiado.

Sempre consegui enxergar a beleza física feminina mesmo onde,
segundo os critérios estéticos vigentes, ela inexistia.

Porque toda mulher é linda. Se não no todo, pelo menos em algum detalhe.

É só saber olhar. Todas tem sua graça.
E embora contaminado pela irreversível herança genética que me faz
idolatrar os ícones de cafajestismo, sempre me apaixonei
perdidamente por todas as incautas que se aproximaram de mim.

Incautas não por serem ingênuas, mas por acreditarem.
Porque toda mulher acredita firmemente na possibilidade do homem ideal.

E esse é o seu único defeito..."

*Texto de Sérgio Gonçalves, redator da Loducca, publicado no jornal da agência.